História

Clausewitz

A ORIGEM DA LOGÍSTICA

Em grande parte das obras pesquisadas, seus autores afirmam que o termo em discussão provém do antigo substantivo latino logisticus, utilizado para designar os técnicos das finanças, controladores, contabilistas, intendentes do Exército romano ou bizantino encarregados de efetuar o pagamento às tropas. Outros autores afirmam que, na Grécia, ao tempo da dominação romana, o termo designava o membro de uma comissão de dez cidadãos, escolhidos à sorte, anualmente, que se encarregavam de verificar as contas dos magistrados. Há, ainda, autores que afirmavam que logística deriva da palavra grega logistikos, que teve acepção, na era clássica, de “método de vida” ou modo de viver (DEL RE, 1955; CAMINHA, 1982; CAMPOS, 1952).

Segundo Del Re (1955), a primeira utilização do vocábulo “logística”, dentro da Ciência da Guerra, foi realizada, em 1836, pelo general suíço Antoine-Henri Jomini no seu livro Precis de L’Art de La Guerre, quando sintetizou os três ramos da arte da guerra como sendo a estratégia, a tática e a logística, cabendo ao último a responsabilidade pelo fornecimento dos meios, a serem planejados e empregados pelos dois primeiros. A logística apresenta-se, então, como sendo a arte prática de mover exércitos, de dispor pormenores materiais das marchas e formações, de montar acampamentos ou acantonamentos longe do inimigo.

Tudo indica que Jomini inspirou-se no título de major général des logis – atribuído ao oficial francês encarregado de prover alojamento, suprimento, dirigir as marchas e colocar as colunas das tropas francesas no terreno – para criar uma primeira definição de logística militar como sendo tudo ou quase tudo, no campo das atividades militares, exceto o combate (DEL RE, 1955).

Entretanto, segundo Taguchi (1999), a Logística só passou a ser entendida como ciência, após as teorias desenvolvidas pelo Tenente-Coronel Cyrus G. Thorpe, do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA que, no ano de 1917, publicou o livro Logística Pura: a ciência da preparação para a guerra. No decorrer do texto da obra, a logística é elevada ao mesmo nível de importância da estratégia e da tática, por proporcionar os meios necessários aos dois ramos responsáveis pela condução das operações militares.

No início do século XIX, Carl von Clausewitz, general prussiano, escreveu um verdadeiro tratado sobre princípios de guerra, sugerindo como administrar os exércitos em períodos de guerra. É considerado grande inspirador de muitos teóricos da Administração que posteriormente se basearam na organização e estratégia militares para adaptá-las à organização e estratégia empresariais. Ao terminar as partes referentes à estratégia e a tática de sua obra, afirma: até agora tratei dos exércitos empregados como força militar. Mas existem na guerra muitas outras funções que se relacionam com o combate, embora sejam completamente diferentes dele. Às vezes, intimamente a ele ligadas, outras vezes, menos próximas. Todas essas atividades, porém, se relacionam com a manutenção da tropa (1832, apud LANNING, 1999, p.59).

Entre as atividades citadas por Clausewitz estão as subsistências, a administração, o tratamento das doenças, o reparo das armas e do equipamento e a construção das fortificações, mas, em nenhum momento, empregou o termo “logística”. Del Rey (1955) afirma que, após o seu pioneiro emprego em 1836 com o sentido militar atual, o termo “logística” caiu no esquecimento. Napoleão Bonaparte, assim como os grandes generais que o precederam, nunca usou esse termo, não querendo isto dizer que Bonaparte nunca empregou a logística. Afirma ainda este autor que Napoleão “empregou-a e o fez genialmente” (p. 51), apenas não designou o conjunto das atividades dos serviços, com essa expressão genérica.

Para as forças militares, a logística adquiriu, pela sua destacada atuação na solução de complexos problemas de apoio, posição de destaque nas operações, passando a ser considerada como um dos “fundamentos da arte da guerra”.

A importância da logística e as lições que ela ensina são milenares e contundentes. Segundo Campos (1952), perto da totalidade dos grandes chefes militares que não seguiram seus princípios foram conduzidos ao fracasso, estando a história, inclusive a brasileira, repleta de exemplos. Um país precisa de um Exército preparado e adestrado para cumprir sua missão constitucional. Nessa missão, o profissional militar deverá estar qualificado para assegurar o correto emprego dos seus meios logísticos em um ambiente sistêmico e extremamente complexo.

Como se pode observar, bem antes dos negócios mostrarem interesse em administrar as atividades logísticas de maneira coordenada, os militares estavam organizados para executá-las. Embora os problemas militares, com exigências rigorosas de “serviço ao cliente”, não se identificassem com os dos negócios, a similaridade foi grande o suficiente para fornecer uma base de experiência valiosa durante os anos de desenvolvimento da logística empresarial (BALLOU, 2001).

 De acordo com Christopher (1997), Logística é o processo com o qual se dirige de maneira estratégica a transferência e a armazenagem de materiais, componentes e produtos acabados, começando dos fornecedores, passando através das empresas, até chegar aos consumidores.

Para a Society of Logisitics Engineers (apud Kobayashi, 2000) a Logística é uma técnica e, ao mesmo tempo, uma ciência que suporta a realização dos objetivos organizacionais, a promulgação dos mesmos e a consecução. Serve para o management, o engineering e as atividades técnicas nos termos solicitados, o projeto, o fornecimento e a preservação dos recursos.

Já Figueiredo (1998) afirma que Logística é um termo empregado pela indústria e pelo comércio para descrever o vasto espectro de atividades necessárias para obter um transporte eficiente dos produtos finais desde a saída da fabricação até ao consumidor. Essas atividades incluem o transporte das mercadorias, a armazenagem, o controle dos estoques, a escolha dos locais das fábricas e dos estoques intermediários, o tratamento das ordens de compra, as previsões de mercado e o serviço oferecido aos clientes.

Outra definição foi a promulgada pelo Conselho de Administração Logística (Council of Logistics Management), uma organização profissional de gestores de logística, professores e práticos, formada em 1962 com a finalidade de oferecer educação continuada e fomentar o intercâmbio de idéias (BALLOU, 2001, P.21):